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Sorriso || VMin

Capítulo Único - Só.


 

Você já sentiu-se só? Se sua resposta for sim, também concordará que é uma das piores sensações a serem sentidas. Estou certo? Agora imagine sentir-se assim durante sua vida toda. Não sei você, mas eu posso dizer que isso sim é horrível. E, de certa forma, eu realmente sou. Então não é apenas um sentimento que você sabe que após uma noite de descanso ou goladas de cerveja irá passar. Mas você não tem culpa, nem eu, nem meus pais, nem ninguém. Desde pequeno, estudei em colégio de freira. Sim, quer acredite ou não. Após o fundamental e colegial em um local onde meus únicos amigos eram garotos de famílias religiosas ao extremo - ou órfãos - e freiras, logo passei no vestibular e me formei em psicologia.


Park Jimin, o orgulho da família.


Aquele que todos os parentes sabiam da inteligência e do consultório próprio no centro da cidade. Afinal, meus pais sempre amaram deixar claros esses fatos em meio a sorrisos falsos nos almoços de família aos domingos. Depois da formatura do colegial, nunca mais ouvi se quer o nome dos meus colegas de classe. E durante os árduos anos de faculdade, nunca fui próximo de ninguém. E apesar de algumas garotas tentarem tal proximidade, claro, sempre com segundas intenções, nunca me envolvi com nenhuma. Pois, cá entre nós, aquilo que elas possuem entre as pernas nunca me agradou muito. Nada contra quem tenha! De maneira alguma! Só... Não é do meu gosto. Igualmente como a formatura do colegial, nunca mais ouvi se quer nomes após ter meu diploma em mãos. Minha rotina se resumia em escritório - casa. Casa - escritório. Nunca me interessei em baladas e, mesmo que sim, nunca tive tempo. Meu pai sempre enfatizou muito que devemos deixar nosso trabalho em primeiro da lista de necessidades. E como eu já não tinha o que colocar a perder, evitar discussões marcando horários até para os sábados era um "hobby". E perdido nesses pensamentos em meio à multidão de pessoas na plataforma do metrô, em pleno horário de pico, ouvindo apenas o som das minhas músicas favoritas no último volume no fone, me assusto quando sinto meu braço ser tocado. Ao olhar rapidamente para o lado, levanto a cabeça para fitar um homem mais alto que eu. Ele tinha uma expressão meio confusa, e movia os lábios. Tudo que ouvia era a batida animada nos fones. Rapidamente os tiro do ouvido. -Desculpe... O que disse? O garoto ri baixinho antes de responder. -Eu quem peço desculpas... Queria saber se esse é o metrô sentido Contra-Centro, ou é o outro? - Questionou, apontando para o outro lado. -Ah não, é esse mesmo. - Esclareço gentilmente e este me sorri. Seu sorriso era lindo, quadrado. Os dentes alinhados e branquinhos. -Obrigado! Ele disse, sem desmanchar o sorriso aberto. Algo havia naquele sorriso. Algo que me tocou. Meu coração acelerou e eu me senti estranhamente bem. Me senti na obrigação de retribuir tal presente, e me esforcei para retribuir um sorriso igualmente bonito, mas que eu sabia que não chegaria nem aos pés do sorriso quadrado e acolhedor.


Era como se eu não me sentisse mais só.


Enquanto sentia meus olhos fechando pelo eye smile, meus cabelos começam ser bagunçados por um vento forte, assim como os do rapaz a minha frente e seu cachecol. -Oh! Lá vem um! Ele próprio anuncia, olhando para o sentido que o metrô vinha, e não demora para surgir um do túnel escuro. Enquanto passava por nós, era perceptível os vagões cheios. O rapaz de fios castanhos aponta para o metrô e me fita. Eu apenas nego, estava muito cheio. Ele novamente sorri, menor que da outra vez. O metrô para e ele dá espaço para quem estava atrás de nós passar. Sua mão é estendida. -Prazer, Kim Taehyung. -Park Jimin. Nos cumprimentamos, e logo sua mão volta para os bolsos da blusa que usava. -Hã... Primeira vez que veio para esses lados? - Tento puxar assunto, sendo bem correspondido. -Oh, sim! Só havia vindo de carro, mas hoje vim deixar currículo em alguns lugares. Ele explica e logo o vento se faz presente, e não preciso olhar para saber que era o metrô voltando a se mover. Sorrio. -Oh! Espero que você tenha respostas logo! Ele assente. -E ti? Vem muito para o centro? -Eu trabalho perto da saída daqui do metrô. Ele bate palmas animado. -Quem sabe não viramos amigos de metrô!? - Ele exclama e eu não resisto em rir. - Do que trabalha? Oh... Ele era curioso, e aquilo me agradava. -Sou psicólogo. Suas sobrancelhas levantam e sua boca forma um pequeno "o", estranho, mas logo a explicação vem, junto com o mesmo sorriso que tirou minha solidão. -Quando eu começar trabalhar, pretendo entrar em uma boa faculdade de psicologia! Meu sorriso novamete faz presente, e eu me perco em nossa conversa. Mais uns dois metrôs se passaram, em torno de uns dez minutos, e eu sentia que podia ficar horas ali. -Oh, hyung! Pode me treinar! Sim, o tal Taehyung era meu saeng, com poucos anos de diferença. Rio novamente. -Como assim!? -Finja que é meu paciente! Anda! Decido não discutir, e entro em sua brincadeira após limpar a garganta. -Boa noite, doutor Kim! - Faço uma voz fina, querendo dizer que era uma mulher, logo sendo compreendido. -Oh, Boa tarde senhoritA Park! - Ele enfatiza o "A", e sou novamente obrigado a rir. - Me diga, como vem se sentido!? -Ah! Tão confusa! - Penso em alguma história inventada, fazendo o drama que mais conseguia em meu tom. - Conheci um rapaz que quer se casar comigo, mas eu ainda sou virgem, e ele quer me experimentar! O que eu faço!? Os olhos de Taehyung estalam, e logo sua risada alta é escutada por todas. E a minha só se faz presente quando capito o olhar mal humorado de uma senhora que passava ao lado. -Não vale inventar! -Você acha que não vai conhecer umas malucas!? Taehyung ainda ria, e ao se recompor, decide inverter os papéis. -Ok, ok! Então agora serei o paciente, quero ver como devo sair de enrascadas dessas! Assinto sorrindo, e espero Taehyung pensar em algo, enquanto o mesmo olhava em volta. Parece que o mesmo tem uma idéia, pois logo se vira. Ele retira o cachecol, e coloca na cabeça, imitando longos fios de cabelo. -Boa noite, doutor Park! - Sua voz também era fina, e ele acariciava seu cachecol. Quero dizer, seus longos fios. -Boa noite, senhorita Kim! Por que não começa me contando como foi sua semana? -Ai doutor, é que sabe o que é!? - Sua expressão era preocupada. - Eu conheci um homem tão lindo! Me apaixonei de cara, eu sinto! - Agora, seus gestos eram empolgados. - Eu me declarei, sabe? E ele disse que me ama! -Oh, senhorita Kim! Isso não é ótimo? - Fingia que anotava as informações em um bloco de papel. -Sim, doutor. Só que... Ele quer me experimentar, o que acha!? O fito de imediato, ele estava roubando minha história! Abrindo a boca para responder, sou interrompido por um grito. -HWAN!!! Todos na plataforma começam se agitar, e juntos eu e Taehyung nos viramos. No trilho aonde passaria o metrô, uma criança. Ela aparentava uns 6 anos, uma garotinha. Seu choro começa, e é alto. Era possível ver sangue escorrendo por um lado de seu rosto, provavelmente algum corte pela queda. Era fundo o buraco, maior do que qualquer pessoa que assistia a cena. -Meu Deus.. - Sussurro.


-Chamem um guarda! -Liguem para as operações do metrô! -Chamem uma ambulância!


Todos gritavam soluções, mas ninguém fazia nada. A mãe desesperada da criança, no outro lado da plataforma, chorava em pânico.


-Por favor! Alguém me ajuda!


Depois, foi tudo muito rápido. O cachecol colorido é colocado em meus ombros, e quando olho, Taehyung se apoiava sentando depois da faixa amarela que indicava para manter distância, e se joga, sumindo do meu ponto de vista. -Taehyung! Empurro algumas pessoas, indo até após a mesma faixa. Taehyung ajudava a criança se levantar, e a ergue no colo. Meu coração palpitava forte e rápido, algo no pensamento de o pior acontecer com Taehyung me aflingia. Eu sentia... Eu sentia... A solidão queria voltar... Mas, tudo parece acalmar quando vejo o castanho erguer a garotinha no outro lado da plataforma, e a mãe da mesma a pegar. Ela estava a salvo, e meu sorriso cresce, junto com lágrimas de alívio que se formavam. Um guarda do metrô para ao meu lado, e o escuto falar no rádio. -Temos um acidente na estação Centro, sentido Contra-Centro, e há pessoas nos trilhos. Parem o sistema! Agora, porém, o guarda não precisava agir. E eu via Taehyung apoiar em meio os ferros e se erguer.


Vento.


O metrô estava chegando, e minha aflição volta. Mas estava tudo bem! Taehyung apoiava o braço no chão da plataforma e tentava ter força, mas perde o equilíbrio e caí de costas. -TAEE!! -Grito, e mal notava a força que apertava o cachecol. Meu rosto estava completamente molhado, e já ouvia o som dos trilhos. Taehyung tenta novamente. Eu via o metrô. Pessoas abaixavam tentando ajuda-lo, mas pela profundidade, era difícil do castanho tomar impulso.


O metrô. Estava perto. Estava desacelerando.

Tarde demais.


Gritos são escutados, e nenhum deles era de Taehyung. Mas, sem via das dúvidas, o meu era o mais alto.


Eu estava em choque. Eu tremia. Eu chorava. O metrô para antes da posição certa. A qualquer momento eu podia desmaiar eu sentia isso. Será que, por milagre, eu conseguiria ver Taehyung vivo novamente!? Não era isso que eu pensava no momento, claro. Mas por agora, eu posso dizer.


Se eu tiver tamanha sorte... Responderia à "senhorita Kim" que ela deveria fazer o que fosse se sentir bem.




Em um instante a vida se passa, e você perde o seu sorriso.

 

Me chamo Isabel, tenho 16 anos e escrevo fanfics desde junho de 2015...

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